A transição. Entramos na universidade. Quem iremos ser? O que iremos ser? Aquelas dúvidas de começo num novo sítio, no novo Eu.
Não ditarei floreados e serei completamente direta e honesta: estava à espera de fogo-de-artifício, de uma Vera sem quaisquer medos e de uma pessoa que nunca fui… Mas no fim de contas, era apenas Eu, um Eu na universidade.
Aqueles dramas e filmes adolescentes? Sempre quis. Gostava de dizer à Vera de quinze anos que nada iria mudar e que ela continuaria a mesma com dezanove anos. Eu nunca fui de grandes alaridos, nem tão pouco mais ou menos de sair todas as noites. Ficar em festas? Onde estava a Vera? Em casa. Beber? Quem a viu? Nem eu! Interessar-se pelos mesmos errados que conheceu no Secundário? Não se alarmem… ENCONTREI-A!
Choca: definição de quem não sai, não curte com ninguém e não aproveita as “vantagens de ser adolescente e sem problemas”.
Oh! Vou-me apresentar formalmente: olá, o meu nome é Vera! E eu sou uma Choca!
Custou-me aceitar este facto. Fases de negação? Quem nunca?
Sempre adorei controlo. Para ser completamente honesta, sempre o tive. No momento em que pisei Vila Real prometi a mim mesma soltar-me. SPOILER ALERT: Não correu bem, mas não desesperem e continuem a ler!
Vamos então analisar os requisitos de choca: Não sair de casa? Check!
Eu, literalmente, vivia a passos de todos os bares académicos, era, suficientemente, convidada para me juntar num café, tinha um grupo considerável de amigos, vivia com raparigas que frequentemente saiam e não tinha problemas alguns em sair. Então, o que fiz? Exatamente… coloquei todas as minhas séries em dia! E mesmo naquelas noites que prometia tentar pelo menos mostrar a parte “divertida” em mim ficava sempre um pé entre entrar e voltar para casa… Casa me esperava então.
Não curtir com ninguém? Bem, isso era uma crónica apenas… Uma engraçada! A minha vida romântica não era propriamente a mais movimentada, coisa que sempre pensei que iria mudar no momento que me tornasse universitária (obrigada pelas mentiras Hollywood!). O facto é que não acredito que irei conhecer um príncipe que me irá arrebatar nos seus braços e que me traga gelado à porta de casa… Mas também não acredito na abordagem de hoje em dia com todos aqueles piropos e ofertas de bebidas… muito menos num “Fica bem!” depois de uma noite. Por isso: Check!
Por um longo tempo questionei-me se este ser universitário atípico do típico universitário me ajudaria muito na vida académica… chegamos à parte da negação e por isso, decidi sair mais, apanhar a minha primeira bebedeira e ser apenas a Simpática. Até aqui, tudo bem.
Os resultados: dormir em pé, não estar a par da minha série e se o meu escolhido num trio romântico ficou com a protagonista, ressaca, uma noite num apagão onde o meu amigo me andou a carregar por aí e me fez prometer nunca mais me embebedar. A parte de me desinibir passou por apenas ser um conceito porque durante o dia era apenas eu… A mesma Vera, a mesma que tentava ter piada com piadas secas, a mesma que estudava em casa sempre que podia, cheia de inseguranças e com aquelas questões existenciais às duas da manhã. O plano não estava a resultar… E depois chegou a fase da iluminação e eu percebi: estou a ser quem queriam que eu fosse, não quem eu sou.
O problema não era quem eles viam, mas sim quem eu via. Então comecei a ver quem eu era. Eu sou uma rapariga com o melhor grupo de amigos, do tipo de amigos que participam nas tuas parvoíces e te dão um abraço apertado quando pensas sequer em desistir, que te aceitam completamente da maneira que tu és genuinamente, que te chamam pelo segundo nome que odeias, que te chamam choca e que agradecem por o seres, pois os ajudas a fazer cadeiras e vibras quando passam… Porque sentes que passaste também. Vivo sempre feliz todo o dia porque durmo o mais que posso e ainda bem que estava a torcer para a Elena escolher o Damon! As minhas notas? Bem podiam ser melhores… Mas todos sabemos que nunca é comprovada a tua inteligência na universidade.
Admito que não sou a rapariga mais divertida do mundo e se me encontrarem na noite, aproximem-se e vejam bem, pois eu saí para arrasar e, mais importante, porque me senti bem para tal.
O que eu estou a tentar dizer com tudo isto é: sejam sempre genuínos e fiéis a vocês próprios e aceitem de leve isso! Se gostam de sair, então saiam todas as noites que puderem e sintam-se realizados na manhã seguinte. Se são os atípicos universitários então sejam os mais atípicos possíveis, não tem piada sermos todos iguais!
E se deram check em tudo em cima, então sejam bem-vindos ao Choca Club! Aceitamos sempre membros! Existe caminho e espaço para todos! Aqui ou na universidade, no fim, a pergunta que vale um milhão e vintes na pauta é: são felizes com quem são? Talvez nunca saibamos quem somos até experimentarmos quem devíamos ser. Neste aspeto da vida, eu sou TOTALMENTE CHOCA e nunca estive tão feliz por isso! E tu, quem és?
Vera Fernandes