Vazio, uma solidão imensa e profunda! É intenso. Nuvens cinzentas, transportadas de trovoadas, povoam o longínquo organismo do pensamento. Dizer certas coisas é difícil; por vezes, sente-se o nó na garganta, a pressão de conter o choro. Há um deserto nos olhos, um cristalino empoeirado, um ardor com a dor da ausência. Mas num canto de uma casa vazia ou numa rua de multidões, ou então numa sala, num quarto, entre quatro paredes, no silêncio, as poeiras derretem-se, nas curvas do rosto já salgado.
Debruçado sobre a almofada, um grito ecoa nos ouvidos entupidos de tanta água. Que dor imensa é essa, emocional e pungente! A sensação de impotência, o descontrole do corpo daquele ser. É uma perceção inquietante de alguém que já não tem mais controlo sobre a própria vida, de um coração que abriga uma solidão tão grande que mal consegue caber em si. Confrontados com vozes internas, a solidão leva-nos a navegar num labirinto de pensamentos, questionar e reavaliar prioridades. É um convite à introspeção e à retrospetiva, uma oportunidade de mergulhar na subjetividade e encontrar, na verdade, uma companhia que somos nós mesmos.
É tão simples perguntar se está tudo bem a um ser consumido e frustrado por aquilo a que chamamos de solidão. Que palavra fria e poderosa: SOLIDÃO. Um desejo ardente por compreensão, empatia e amor. Ela desafia a noção de pertencimento, traçando uma jornada solitária que muitas vezes se revela dolorosa. O sentimento de exclusão e a falta de amor parecem emergir do fundo. Rejeitado ou não amado ou depressão, que sobe e não sabemos nem sequer como a carregamos, um peso insuportável.
É pesado. É doloroso.
SOLIDÃO
Beatriz Parada