A Inglaterra está na segunda final seguida de um Camponato da Europa, a primeira de sempre fora do Reino Unido, depois de ter dado a volta aos Países Baixos, em Dortmund. Xavi Simons, aos 7 minutos, colocou os neerlandeses em vantagem, mas Harry Kane, de penálti, aos 18 minutos, e Ollie Watkins, saído do banco aos 80′, selou a reviravolta no primeiro minuto de compensação.
Sem qualquer baixa para a partida, os dois selecionadores optaram por uma mexida cada. Gareth Southgate apostou em Marc Guéhi no centro da defesa, ao lado de John Stones, enquanto do lado dos Países Baixos a novidade foi no ataque, com Donyell Malen no lugar de Steven Bergwijn.
Deste modo, a partida começou intensa e rapidamente teve um momento fantástico. A Inglaterra mais dominadora da bola, enquanto os Países Baixos apostaram num futebol direto e na velocidade das pernas dos homens da frente.
A verdade é que, após roubar a bola a Declan Rice, Xavi Simons conseguiu espaço em zona frontal e, ainda que a escorregar, atirou um potente remate que só parou nas redes adversários. Só que algo que não se pode apontar aos “Três Leões” neste Europeu é a capacidade para sair situações complicadas, caro leitor.
A equipa de Southgate soltou-se no jogo e teve em Bukako Saka, em funções de ala/extremo, um grande protagonista. O empate chegou de grande penalidade, após má abordagem de Denzel Dumfries em tentativa de corte. Harry Kane sofreu a falta e não desperdiçou a oportunidade de empatar a meia-final, cobrando a grande penalidade de forma exímia.
O lateral acabou por se redimir mais tarde, ao impedir o golo, mesmo em cima da linha de golo, de Phil Foden, que combinou bem com o cada vez mais confiante Kobbie Mainoo. A Inglaterra teve facilidade para encontrar espaços em zona frontal, com os Países Baixos a melhorarem neste aspeto defensivo depois da entrada de Joey Veerman em troca com o lesionado Memphis Depay.
Dumfries e Foden seguiram protagonistas e levaram a bola ao ferro de ambas as balizas, em dois grandes exemplos de um primeiro tempo entretido em Dortmund. Após o descanso, a qualidade do espetáculo baixou e o medo da eliminação pareceu acentuar-se de parte a parte.
Para a segunda parte, uma alteração em cada equipa – Weghorst por Malen nos Países Baixos, Shaw por Trippier em Inglaterra – e um arranque bem mais morno do que nos primeiros 45 minutos, com Van Dijk a dar o primeiro sinal de perigo aos 65 minutos, antecipando-se à defesa inglesa para um remate desviado para canto por Pickford.
Aos 77′, foi Xavi Simons, em posição privilegiada, a rematar enrolado, fácil para a defesa do guarda-redes inglês. Aos 79 minutos, Bukayo Saka ainda marcou, num golo anulado por fora de jogo, antes de Southgate refrescar o ataque, com Cole Palmer e Watkins nos lugares de Phil Foden e Harry Kane – e ouviram-se assobios das bancadas, pois claro. O mesmo Palmer, aos 88 minutos, ainda teve uma ocasião para visar a baliza neerlandesa, mas atirou muito desviado da baliza de Bart Verbruggen.
E se Palmer tentou mas não conseguiu, aos 90+1 minutos Watkins respondeu aos assobios com uma diagonal, receção, rotação sobre De Vrij e remate cruzado, a bater Verbruggen e a soltar a festa rija do lado dos ingleses.
De facto, o grande leque de opções e um talento a explodir no Aston Villa acabou por fechar mais um capítulo nesta intensa caminhada inglesa. Futebol em estado puro! A Espanha, sem dúvida, vai ser o maior desafio até agora encontrado.
Como ser o “homem do jogo” é diferente de ser o “MVP” ou o “melhor em campo”, Watkins acaba por levar esta distinção para casa. Entrou para o lugar de um já desgastado Harry Kane e, num golpe bastante perspicaz e fugaz, acabou por fazer um bom golo que deu a vitória à Inglaterra e consequente passagem à grande final do EURO 2024. Se fosse para eleger um “MVP”, esse seria, sem sombra de dúvidas, Xavi Simons, que fez um grande golo e orquestrou uma seleção neerlandesa algo desnorteada na segunda parte (com Cody Gakpo bastante apagado, por exemplo).
Texto: Raúl Saraiva
Imagens: UEFA