Hoje vemos à lupa o campeão espanhol, Real Madrid, de Carlo Ancelotti, em mais uma belíssima temporada que pode acabar com três títulos, contando já com a 13ª Supertaça Espanhola e a 36ª Liga Espanhola.
A época pode acabar com a cereja no topo do bolo, estando o Real Madrid a um jogo contra os alemães do Borussia Dortmund da impressionante marca de 15 Champions, a terceira do treinador italiano pelos merengues.
Lesões e o mercado de transferências
A época dos “Los blancos” foi marcada por lesões em alguns jogadores fulcrais, como Thibaut Courtois, Éder Militão e David Alaba, que ficaram afastados dos relvados durante muito tempo. Houve ainda algumas saídas pesadas, nomeadamente de Karim Benzema e Marco Assensio.
Fruto destas baixas, a formação foi reforçada com Kepa Arrizabalaga, a título de empréstimo e que chegou para calçar as luvas de Courtois, mas acabou no banco dada a ascensão de Lunin à titularidade. Com um contrato de empréstimo, integrou a equipa também o mais recente herói de Madrid, Joselu, que conta já com mais de quarenta jogos e vinte contribuições diretas para golo entre todas as competições, destacando-se os últimos dois golos na Champions League, frente ao Bayern Munich, que assinaram a passagem do Real Madrid à final da liga milionária. A empréstimo, chega ainda um reserva de luxo em Brahim Diaz.
Gastando cerca de 125 milhões de euros, esta época foi algo cara em termos de chegadas a título definitivo para o plantel merengue. Em ordem crescente de valores, o plantel da capital espanhola comprou os jovens Fran García e Arda Güler, por um valor agregado de vinte e cinco milhões de euros, levando a maior fatia do total gasto nada mais nada menos do que o iluminado Jude Bellingham, investimento que se revelou muito positivo, já que o jovem ex-Borussia Dortmund, em quarenta jogos pelo clube, agrega já uns impressionantes 23 golos e 12 assistências, sendo ainda um possível Bola de Ouro na sua primeira época pelo clube.
A época e os números do Rei da Europa
Esta secção da rubrica é a ideal para quem gosta dos bons e velhos números que podem não significar nada para alguns mas resumem, em parte, o que foi a época do Real Madrid.
A formação madrinha leva então 29 vitórias nos últimos 36 jogos para a LaLiga sendo que, nos jogos que não triunfou, só não somou pontos em apenas um deles, numa derrota de três bolas a uma que se desenrolou no clássico da capital espanhola no terreno dos colchoneros do Atlético de Madrid. Esta época já se revelou histórica porque quebrou um recorde que permaneceu intocado desde a época de 1986/87, que é o recorde de mais jogos sem sofrer golos. Os homens de Carlo Ancelotti conseguiram uns impressionantes 20 jogos sem ninguém fazer o gosto ao pé nas suas redes, sendo de realçar que as mesmas só foram abanadas 22 vezes na LaLiga, revelando isto que, a equipa para além de ser proficiente na vertente ofensiva, também o é no reverso do espectro.
Na nota ofensiva, a formação marcou uns impressionantes 83 golos na LaLiga, sendo o maior artilheiro Jude Bellingham, com 19, seguido imediatamente por outro possível Bola de Ouro, Vinícius Júnior com 15 golos. Como os golos não se marcam sozinhos, vale realçar os maiores assistentes, como Toni Kroos, Valverde e Bellingham, outra vez mencionado. O germânico lidera a lista com oito assistências, seguido pelos colegas de equipa, com sete assistências cada.
A tática vencedora
O Real Madrid demonstra e aplica um futebol que, para além de eficiente como se tem vindo a provar, é fluido e verdadeiramente diferenciado. Normalmente, e á vista desarmada, a formação apresenta-se num 4-3-1-2 porém, como dito anteriormente, o futebol flui e qualquer jogador pode assumir qualquer posição, dependendo do pretendido no jogo.
Contudo, o futebol dos “Los Blancos” de Ancelotti foca-se em preenchimento dos espaços e criar superioridades numéricas. Na manobra de construção, utiliza um médio experiente (Toni Kroos), que se revela a base e o centro de comando do meio-campo. Para iniciar jogadas de ataque, tem recurso a passes de incisão a partir do meio-campo, ou um ataque em bloco mais pensado. Nestes ataques, em que a equipa já se encontra completamente no meio-campo adversário, os centrais costumam abrir com Toni Kroos no meio deles, enquanto a equipa cria triângulos na área lateral. Bellingham, na ausência de um número nove clássico, assume o papel de avançado móvel e dá apoio a esses triângulos, criando assim vantagens numéricas e consequentemente linhas de passe e espaços que podem ser usados para remate ou para uso de criativos, como Vini Jr. ou Rodrygo.
Na manobra defensiva, o jogador mais importante é Fred Valverde, que faz uma excelente ocupação dos espaços, juntando-se à linha defensiva quando o ataque adversário se desenrola pela esquerda. Enquanto a bola está na linha defensiva oposta, ele tende a ocupar espaços típicos de um médio, fechando linhas de passe.
Mesmo com todas estas nuances de jogo, Ancelotti não ignora o contra-ataque, pressionando agressivamente as linhas adversárias para gerar contra-ataques rápidos e mortíferos, nomeadamente com Rodrygo, Vini e Bellingham.
Realça-se ainda que a tática dada por Ancelotti pode alterar dependendo de vários fatores como adversário, situação da equipa e condição dos jogadores. O jogo analisado foi o triunfo sobre o, até ao decorrer do jogo, concorrente pelo título Girona; jogo este que se evidenciou como um dos mais importantes da época, pela demonstração de poderio ofensivo dos merengues frente a um, até então, temível adversário.
O Futuro. ¿Decimoquinta? Kylian Mba….?
No dia 1 de junho de 2024, o Real Madrid tentará carimbar esta época com o selo da Liga Milionária e tornar assim uma boa época em lendária, chegando à Champions League número 15, mais que qualquer outro clube.
Para a próxima época, poderemos ver finalmente a novela de Mbappé a chegar ao fim, jogador que vem há anos a ser associado ao gigante espanhol, mas nunca com sucesso. Contudo, o Real Madrid, mesmo sem Mbappé, tem tudo para continuar vitorioso, desde a ousadia e alegria de Vini, ao potencial das novas contratações em Bellingham e à inigualável experiencia de Kroos e Modrić, que são peças fundamentais no tabuleiro de Ancelotti para montar a próxima geração Galáctica dos Merengues.
Resumir a época em três palavras
Mística; Fluidez; Diferenciado.
Texto: José Rui
Imagem: Direitos Reservados variados