O frente a frente na CNN entre Paulo Raimundo, CDU, e Rui Tavares, Livre, foi feito em cordialidade, mas também com alguma discórdia. Ambos os partidos têm um projeto ideológico diferente a nível da política externa, mas conseguem “dar a mão” no que diz respeito ao investimento na cultura.
O início do duelo entre Raimundo e Tavares deu palco ao PS durante breves minutos, com os dois líderes a apontarem o dedo ao apelo ao voto útil feito pelo secretário-geral dos socialistas Pedro Nuno Santos.
Rui Tavares alinha no mesmo diapasão de Raimundo. “Era só o que mais faltava que os partidos demonstrassem essa autossuficiência. A melhor maneira de implementar as ideias do Livre é votar no Livre, a melhor maneira de implementar as ideias do PCP, é votar no PCP ou na CDU”, sublinhou.
Já no caso do PS, “às vezes nem para implementar as ideias do PS serve, como nós vimos com a maioria absoluta do PS”, disse Rui Tavares, atacando “uma pressão sobre o eleitorado que deu no que deu”, crente que “as pessoas estão muito avisadas perante esse tipo de chantagens”.
Fixar os jovens ou ajudar a voltar?
Um dos temas em destaque foi a emigração dos jovens onde os líderes da CDU e do Livre se divergiram no tema da emigração: Raimundo quer que os jovens não saiam, mas Tavares prefere dar condições para o regresso.
Paulo Raimundo diz que o problema está nos que “são empurrados para fora do país e que fazem cá uma falta extraordinária”. “Nós formamos, nós damos a experiência laboral e depois, quando eles estão em condições de pôr esse conhecimento todo ao serviço do país, vão trabalhar para Holanda, para a Alemanha, para onde for, onde são bem tratados, aonde têm salários condignos” frisou ainda.
Por outro lado, Rui Tavares acredita que a emigração faz parte do espaço de liberdade, mas que é necessário criar condições para os portugueses voltarem ao país. “No espaço de liberdade em que estamos, é natural que as pessoas emigrem, mas o que é necessário, o que é urgente, é que as pessoas possam voltar e que o país seja atrativo para que as pessoas possam voltar”, salientou o líder do Livre.
Rui Tavares destaca ainda que “O país tem que dar a oportunidade às pessoas que são dinâmicas de terem asas para voar, porque esse dinamismo de alguns é que também nos permite ter um Estado social que garante dignidade para todos”.
As divergências entre os dois partidos surgiram ainda nos temas da União Europeia e do apoio militar à Ucrânia.
“PCP e Livre têm posições divergentes sobre a União Europeia”, assumiu Rui Tavares. E continuou: “O Livre acredita que o projeto europeu é essencial para ter uma voz na globalização”. Esta é a “única hipótese” de os países europeus se unirem para “lutar contra imperialismos”.
“Somos contra todos [os imperialismos]: o dos Estados Unidos e o russo”, disse, em ataque direto ao PCP, defendendo que “desde que Vladimir Putin assumiu o poder na Rússia, a Ucrânia nunca mais teve sossego”.
Raimundo respondeu que “impõe-se às forças da paz” que construam “caminhos para a paz”, sendo que, para tal acontecer, “todos os agressores têm de recuar”, referindo-se essencialmente aos Estados Unidos e à NATO.
Texto: Paula Martins
Imagem: DR