Já anunciado para o BOREAL – Festival de Inverno, o cantautor flaviense atuou no passado dia 10 de fevereiro na Archie Tattoo Studio – House of Arts, em evento organizado pela associação cultural vila-realense Cultura a Dentro.
O evento, que começou pelas 17h30, permitiu a Carlos Sanches apresentar temas do segundo EP, A Migração das Andorinhas, e também originais ainda por lançar. “Acho fixe, é mesmo uma honra apoiar e estar e pertencer a projetos culturais aqui em Trás-os-Montes”, afirma o artista. Banhado em tons de púrpura, resultantes das luzes azul e vermelha que lhe incidiam, o concerto intimista foi muito bem recebido pelo músico. “Adoro estes concertos, fica bem com a minha música e acho que o pessoal gostou”, reflete.
Com a abertura da House of Arts de Ana Rita Sousa (“Archie”), a associação organizadora, liderada por Sofia Macedo, juntou “o útil ao agradável” e tem agora um espaço físico colaborativo para organizar eventos. “Começamos no Covid, era tudo digital e agora o foco é criar iniciativas culturais presenciais em todas as áreas – música, teatro, dança, ilustração, fotografia e mais – cá em Vila Real”, explica a presidente. Apesar da oferta cultural oferecida pela cidade – concretamente pelo Teatro –, Sofia nota que “falta um bocado ir buscar os artistas emergentes da cultura nortenha e interior; a nossa base é mesmo essa, tanto para os artistas como para a equipa [da Cultura a Dentro]”.
Para ajudar na realização deste concerto, a equipa da Cultura a Dentro, constituída por jovens da região, teve ao seu dispor Bruno “Mazeda” na mesa de som. O jovem de Macedo de Cavaleiros é produtor musical e tem um estúdio musical em Vila Real, cidade que habita atualmente. “O Touché Studios, no fundo, é um laboratório de criação que tenta ao máximo unir artistas e trabalhar com eles”, explica. Mazeda encontra-se a “trabalhar num EP com um artista de Vila Real” e refere que a cidade é o “sítio perfeito para estar” graças à distância intermédia entre casa e o litoral.
No entanto, o concerto só foi possível graças à disponibilidade de espaço. “Se fores artista, aqui tens voz e palco”, defende a proprietária da House of Arts, Archie. Inaugurado no início de dezembro passado, o estúdio de tatuagens pretende ser “um espaço onde artistas locais e regionais se sentem à vontade para expor e criar as suas artes”; para tal, afirma, “basta mandar mensagem”. Fazendo jus às intenções, o espaço encontra-se repleto de quadros, olaria e acessórios diversos criados por artistas da região e que podem ser adquiridos. De agenda completa até maio, Archie refere um clube de crochet composto por jovens a 2 de março, e um segundo dia temático com a artista local Jumas, na qual a pintora desenha e a tatuadora transplanta, em finais de fevereiro.
Este concerto foi o primeiro evento do género a decorrer neste espaço. Ana Pereira, uma das presentes, comentou que a música do artista a lembra de Valter Lobo e confessa ter ficado “emocionada” com a guitarra; “amei”, reitera. Já o artista agradeceu o convite e elogiou o espaço “muito bonito”. Esteve ainda presente a fotógrafa local Beatriz Costa.
Joaquim Duarte
Imagem: Beatriz Costa / @op0nto