Pelo quarto ano trouxe à cidade de Vila Real um universo musical totalmente gratuito e aberto ao público com um cartaz de luxo a acompanhar.
Começou com o seu formato compacto a abordar um género musical em específico mas com o crescimento do mesmo e a tamanha diversidade apresentada não faz, de todo, sentido excluir para caber, mas incluir para crescer.
O primeiro dia começou com a transmissão do jogo da seleção (Portugal – Espanha) num ecrã gigante.
Um bom preparativo para a festa que se avizinhava no Parque Corgo.
A primeira banda a atuar foi First Breath After Coma (22:00)
Depois do disco Drifter estar nomeado para álbum do ano, First Breath After Coma prosseguiram a encantar por essa Europa fora e, passados dois anos do álbum, resolveram vir prestar contas ao Nordeste – e de que maneira!
As melodias distintas com uma salada de sentimentos foram apresentadas com uma energia harmoniosa.
Abriram o festival como merecia.
Cícero (23:20)
Seguiu-se Cícero que veio do Brasil a Portugal apresentar o seu novo álbum mais recente Cícero & Albatroz (2017), não tão calmo e sereno quanto nos habituou, contudo o ritmo acrescido encaixa-se de uma maneira saudável e lógica.
Convenceu-nos pelas letras sobre a fugacidade, dispersão mas sempre com o intuito da procura pessoal.
Capitão Fausto (00:50)
Os já tão conhecidos Capitão Fausto subiram ao palco para dar o concerto da noite.
Conseguiu-se ouvir em bom tom o público cantar “Alvalade chama por mim” “Teresa” “Amanhã estou melhor” entre outros temas da banda tão aclamada pelos fãs e pela crítica.
É caso para dizer “Sempre Bem”.
02:30 – DJ Firmeza
“Do guetto de Lisboa para todo mundo” é assim que o próprio se define sem impor restrições a quem queira saborear um pouco da sua música.
Fechou o palco no primeiro dia com um misto de kuduro e música eletrónica que difícil era não dançar.
Dia 2
18:00 – Surma
O disco de estreia de Surma, “Antwerp” (2017) tem vindo a dar que falar por essa Europa fora.
One Woman Band, Surma surge como um misto de tudo, desde noise até à eletrónica com uma mistura de samples e loops que nos deixam perplexos com a capacidade de alguém com somente 23 anos tratar a música por tu.
Abriu o dia. Literal e metaforicamente.
19:30 – Mazgani
Natural do Irão mas radicado em Portugal desde novo.
Mazgani pisou o palco para nos apresentar “The Poet’s Death” mas isso não se comprovou.
O poeta está mais que vivo e deixou a alma em palco.
20:50 – Conan Osiris
Conan Osiris começou no por publicar músicas no soundcloud quase no anonimato e arrisca-se a ficar com o disco revelação do ano.
“Adoro Bolos” surge como a maior surpresa da música portuguesa.
Desde pimba até kuduro com traços de tudo e mais alguma coisa passando pelas letras intimistas, envolvem-nos numa estranha panóplia que não faria sentido.
A não ser com Conan Osiris.
A reação inicial do público foi estranha e distante do fenómeno que estava a acontecer.
Quando acabou já ninguém estranhava, só pediam que ficasse para os ajudar a dançar.
Registem o nome.
22:00 – Bonga
Os tão famosos singles do artista angolano (“Mariquinha” e “Lágrima no canto do olho”) embora entoados entre o riso e o êxtase não definem o concerto – Bonga é muito mais.
A sua genuína felicidade irradiou o Nordeste de alegria e sorrisos de orelha a orelha.
23:40 – Manel Cruz
O Capitão Romance enalteceu o estatuto que tem na música nacional.
Um ícone para muitos desde os tempos de Ornatos Violeta, apresentou o seu trabalho perante a multidão que o aguardava fascinada.
Pediam-se os clássicos no público mas Manel Cruz brindava-nos com o seu magnifico reportório sem se prender a nada.
E de que maneira!
01:20 – Enchufada na Zona
Para acabar a noite, quando já toda a gente queria descansar Branko & companhia obrigaram-nos a sair de onde estivéssemos sentados e dançar até ir embora.
Impossível seria não o fazer.
José Pedro
Fotografia: O Torgador (Tiago Costa)