Neste fim de semana fui cortar o cabelo. Aliás, foi o barbeiro que mo cortou. Quis cortar o cabelo, mas não quis o cabelo cortado, como dizem os mais engraçados. E em conversa com o meu barbeiro, que por sinal é o mesmo desde quase sempre, chegamos a uma conclusão: ser barbeiro não é apenas saber cortar cabelo.
Para o homem, a barbearia não é apenas um simples estabelecimento onde, de vez em quando, se vai renovar o penteado. É um espaço de convívio, um espaço de discussão, um espaço de conselhos e até um consultório amoroso. Conversa-se de tudo, desabafa-se de tudo, discute-se de tudo. Acaba por ser um lugar de aprendizagem, A barbearia tem esta magia… ouvimos estórias de vida, conhecemos novas pessoas, novos pontos de vista, novas formas de encarar o mundo. Aprendemos com os erros do passado dos outros, aprendemos com as suas lições e com os seus conselhos.
E o barbeiro? O que faz ele no meio de toda esta fonte de experiências? Além de fazer o seu trabalho que é cortar cabelo e desfazer barbas, acaba por ter um papel fundamental. Aquele homem, vestido com uma bata branca e uma navalha na mão, é o psicólogo, o conselheiro, o moderador e o amigo de todos aqueles clientes que, muitas vezes, até lá vão só para pedir o conselho do pobre homem, Até mesmo aquele que de vez em quando só lá vai para ler o jornal do dia. Já foram tantas as vidas que o barbeiro mudou e tantos os caminhos que ele ajudou a traçar. Por isso é que ser barbeiro vai muito para lá de cortar cabelo. É preciso esta sensibilidade e esta sabedoria que tanto faz falta aos fregueses. É pena é que nem todos sejam assim…
Marcos Vilaça