Começamos a nossa vida com todas as pessoas ao nosso redor a elogiar-nos, a dizer “Ai que bonito”, ”Que fofinho” e crescemos sem saber sequer o que estas palavras significam. No entanto, lá estamos nós entretidos nas nossas brincadeiras, enquanto os adultos e adolescentes estão a passar por algo que nem imaginamos que eles passam, do qual nós também iremos sofrer.
Já na pré-adolescência vemos os outros e começamos a pensar em tudo e mais alguma coisa, somos pressionados de tantas maneiras que queremos nos tornar naquilo que os outros são. Esta fase mostra-nos as nossas fraquezas de modo tão claro, mas ainda assim, somos ingénuos. Por volta desta idade conhecemos algumas incertezas, algumas inseguranças, até agora adormecidas ou ainda recém-criadas, até porque passamos pela maior fase de mudança corporal do nosso corpo, a puberdade. Quando esta fase ocorre, estamos numa mudança radical, onde começamos a largar as então consideradas, “criancices” para começar a fazer atividades mais sérias.
No entanto, a adolescência chega, e com ela, as nossas dúvidas existenciais, onde começamos a pensar e a refletir intensamente no que os outros pensam de nós. Pois é, nesta época da nossa vida estamos todos preocupados com o que a sociedade pensa, porque ela nos irá criticar da maneira mais cruel que até agora tínhamos visto. Somos criticados por todos os aspetos físicos e psicológicos que apresentamos. Todos! Neste momento é onde começamos a ter o nosso declínio.
Jovens de 16 anos iniciam um dos momentos mais sombrios da sua vida, onde se encontram sem rumo, sem noção do que fazer, talvez nem tenham descoberto motivos para viver. Só existem. Acham-se inferiores, sem classe, sem classificação, precisam de apoio, mas ninguém está preparado para os ajudar, uma vez que ninguém tem tempo para observar os jovens de hoje em dia. Assim, eles estabelecem a sua “baixa-autoestima” como se fosse algo natural, o “normal” deles. É irritante ver que a maioria destes adolescentes e futuros adultos se tornarão fruto de uma sociedade, que deveria ajudar e acolhê-los, mas que neste momento está só a excluí-los, principalmente, se eles não forem como os atores que vemos nas séries, perfeitos, com corpo bonito e inteligentes.
Quando finalmente chegam à idade adulta, não têm responsabilidade para se dedicarem à complicada vida, porque não têm estrutura emocional que lhes proporcione um bom caminho, contudo eles percorrem estes anos que sucedem a adolescência com um sorriso falso no rosto, para ninguém se aperceber como está o seu interior.
Andamos a lutar com nós mesmos e com a sociedade estes anos todos, até que percebemos que não somos perfeitos, mas ninguém o é, e finalmente começamos a ter um pouco de autoestima. Mesmo assim, estamos sempre preparados, sabendo que a autoestima é um fator Joker, uma faca de dois gumes, se não nos fizer sentir como ótimas pessoas, está-nos a deixar no fim do poço, como se fossemos lixo.
Tiago Ribeiro