Decorreu no passado dia 15 de dezembro mais um debate presidencial, colocando frente a frente
Henrique Gouveia e Melo, candidato independente, e André Ventura, líder do partido Chega. O confronto ficou marcado por diferenças ideológicas claras, num debate onde se cruzaram visões distintas sobre o papel do Estado, a justiça e os valores fundamentais da sociedade portuguesa.
Desde os primeiros minutos, André Ventura adotou um tom mais combativo, criticando duramente o sistema político e defendendo a necessidade de uma rutura com o que considera serem práticas instaladas. Gouveia e Melo, por sua vez, optou por uma postura mais moderada e institucional, sublinhando a importância da estabilidade, do equilíbrio democrático e do respeito pelas instituições.
Um dos principais pontos de divergência surgiu na área da imigração. Ventura defendeu políticas mais restritivas, afirmando que o controlo das fronteiras é essencial para garantir segurança e coesão social. Já Gouveia e Melo reconheceu a necessidade de regras claras, mas alertou para o risco de discursos que possam criar divisões, defendendo uma abordagem ao tema mais responsável e humanista.
No ponto da justiça, ambos reconheceram problemas estruturais, nomeadamente relativamente aos
tribunais. Ventura apontou falhas graves no sistema e defendeu medidas mais duras contra a corrupção e o crime, enquanto Gouveia e Melo destacou a importância de reformas ponderadas, reforçando a independência da justiça e a confiança dos cidadãos no Estado de direito.
O debate contou ainda com momentos de maior tensão quando se abordaram questões relacionadas com valores democráticos e o exercício do cargo presidencial. Gouveia e Melo insistiu que o Presidente da República deve ser um garante da unidade nacional, afastado de extremismos, enquanto Ventura afirmou que o país precisa de um chefe de Estado mais interventivo, convicto e disposto a confrontar o poder político.
No final, os comentadores consideraram que o debate evidenciou dois perfis claramente antagónicos: de um lado, André Ventura, com uma postura assertiva e polarizadora; do outro, Henrique Gouveia e Melo, com uma imagem de moderação e equilíbrio institucional. A avaliação geral apontou para um debate esclarecedor, sem um vencedor consensual, mas determinante para ajudar os eleitores a perceberem as diferenças entre os dois projetos presidenciais. Já na reta final, este foi mais um dos debates que terminou num clima de respeito formal, refletindo a importância do momento político e o peso das escolhas que se aproximam nas eleições presidenciais.
Iris Almeida
