Jorge Pinto vs Marques Mendes

Jorge Pinto vs Marques Mendes

O debate entre Jorge Pinto e Marques Mendes decorreu no dia 29 de novembro de 2025 na RTP e foi marcado pela cordialidade embora ambos mostrarem divergências em relação a algumas questões como a necessidade de uma revisão constitucional e o combate à corrupção.  

Logo nos primeiros minutos, as diferenças começaram a ser realçadas quando se referiu o papel presidencial. Jorge Pinto acredita que a função de um presidente da República deve servir como “uma válvula de escape da República” capaz de conter abusos quando um partido concentra poder em demasia. Já Marques Mendes destacou a “magistratura de influência” e o poder da palavra presidencial, reforçando que um presidente deve “intervir como mediador”. O deputado do Livre defendeu que a Presidência deve ser mais interventiva sempre que um partido “tem um controlo tremendo no país” observando que, Marques Mendes é o “candidato mais próximo ao Governo”.  

A revisão da Constituição e o pacote laboral mostrou mais divergências onde Marques Mendes rejeitou o motivo para preocupação. Afirmou que a Constituição “não está em perigo” e que o país necessita “menos de dramatização e mais de estabilidade institucional”, sublinhou ainda que, não existe nenhuma ameaça aos direitos. O deputado do Livre alertou para a existência de um “risco real” de uma revisão “drástica”, conduzida apenas “à direita” que possa ameaçar direitos fundamentais. Acrescentou ainda que espera que o próximo presidente seja “um grande ativo” de que nenhuma maioria parlamentar ultrapassa “linhas vermelhas democráticas”.  

Acerca do combate à corrupção Marques Mendes, atual conselheiro de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa, prometeu que convocará um Conselho de Estado dedicado exclusivamente à reforma da Justiça e que pretende avançar com medidas “de ação imediata” para acelerar os processos e recuperar a confiança dos cidadãos. Pinto, por sua vez, argumentou que Portugal está fixado numa abordagem demasiado repressiva e defendeu que o país deveria inspirar-se em modelos preventivos usados em democracias com níveis muito baixos de corrupção como a Dinamarca e Nova Zelândia, sugerindo a criação de uma única agência que reunisse o Mecanismo Nacional Anticorrupção, a Entidade das Contas e Financiamento dos Partidos e a Entidade para a Transparência.  

A nomeação de Carlos Alexandre para liderar a nova unidade antifraude do SNS voltou a expor diferenças entre os candidatos. Para Jorge Pinto, a escolha não passa de uma “jogada de marketing”, colocando em causa a falta de experiência do juiz no setor da saúde. Já Mendes classificou a decisão do Governo como “belíssima”, argumentando com base no magistrado que “incute respeito para não dizer medo”  

Internacionalmente, ambos os candidatos manifestaram preocupação a situação dos portugueses na Venezuela, considerando-a algo que exige “atenção permanente”. Jorge Pinto repudia “tudo o que o regime de Nicolas Maduro representa” e defende a necessidade de um “plano de emergência” para apoiar os portugueses e luso descendentes do país, realçando a importância de respeitar o direito internacional. Já Marques Mendes destacou que o presidente deve ser informado pelo Governo, especialmente pela sensibilidade da situação e à necessidade de existir planos de contingência.  

Em suma, este debate focou-se na Justiça, na Constituição e no pacote laboral e evidenciou duas Presidências possíveis, onde uma é mais interventiva e outra mediadora. 

Lara Sousa