A Gala do Desporto da AAUTAD volta a destacar os atletas que mais se evidenciaram ao longo do ano, e entre eles encontra-se a Lara Fernandes, estudante de Educação Básica e atleta de Trail, nomeada para Atleta Feminina do Ano após conquistar a medalha de bronze no CNU Trail.
O percurso da Lara no trail começou há cerca de dois anos, quase por acaso, através de duas amigas Juliana e Silvana, que pertencem à equipa de trail. Na altura, a Lara decidiu que queria começar a correr e juntou-se a uma comunidade local de Vila Real. Num dos treinos organizados pelo grupo, conheceu as duas atletas, com quem rapidamente criou laços.
Foi num desses treinos que Silvana lhe sugeriu participar no Trail Universitário. Sem nunca ter corrido 19 km, Lara aceitou o desafio.
“Pensei: porque não? E lá fui eu fazer 19 km, sem nunca ter feito 19 km… e foi aí que tudo começou.”
Lara destaca o papel fundamental que a equipa teve no seu início. No começo, treinava sempre com Juliana e Silvana, o que lhe deu motivação:
“Sozinha uma pessoa não tem vontade… mas pensava: ok, vou correr com elas, e isso puxava por mim.”
Atualmente, os treinos acabam por ser mais individuais, já que cada atleta organiza o seu próprio horário.
A conquista do bronze veio representar muito mais do que um lugar no pódio. Para a Lara, foi uma confirmação do valor do seu esforço
“Fez-me ver que vale a pena lutar pelas coisas. A primeira vez que participei fiquei em 4.º lugar, e pensei, se com um mês ou dois de treinos consegui isto, então se treinar a sério vou conseguir mais. E esta medalha veio provar exatamente isso.”
As conquistas que tem acumulado ao longo das várias competições aumentaram a sua confiança:
“Faz-me ver que afinal tenho potencial e que os treinos valem a pena.”
O maior desafio da atleta passa por manter a consistência. Apesar de muitas vezes treinar acompanhada, admite que, nos dias em que precisa correr sozinha, tudo se torna mais difícil.
“Há dias em que uma pessoa acorda sem vontade nenhuma. Ir treinar é um esforço… mas no fim compensa sempre. E depois vêm as provas, vêm os resultados, e percebemos que vale a pena.”
Conciliar treinos com a vida académica nunca foi um grande problema para a Lara, que descreve o curso como leve e gerível. As saídas à noite também não são um obstáculo, apenas exigem estratégia:
“Se eu quiser sair à quarta, em vez de descansar nesse dia descanso na quinta, porque sei que depois não vou estar capaz de correr. É um jogo entre os treinos e as saídas.”
Entre todas as experiências, há uma prova que guarda com especial carinho, o “Povoação Trail”, nos Açores, onde alcançou a sua primeira vitória na geral feminina. Mas garante que quase todas as provas têm algo de especial:
“Uma das coisas que eu mais gosto no trail é que às vezes estás a correr e aparece alguém a apoiar-te, a puxar por ti. É mesmo bom. Torna-se sempre especial, pelas pessoas que conheço ao longo da prova.”
Para o futuro, Lara tem um objetivo claro, continuar a evoluir.
“No Trail Universitário quero ganhar. Ficar em primeiro. Mas se ficar em segundo já fico contente, o que eu quero é subir, não descer.”
A nomeação para Atleta Feminina do Ano é, acima de tudo, um reconhecimento do esforço investido ao longo do tempo.
“Sinto-me grata. Sabem que este terceiro lugar não foi em vão, não foi algo que treinei numa semana. Foi um trabalho que tenho vindo a fazer ao longo do tempo. É muito gratificante.”
Para quem tem curiosidade em começar no trail, Lara Fernades deixou um conselho simples, direto e sincero.
“Não pensem muito, entrem só. Façam como eu, a Juliana e a Silvana, não tínhamos experiência nenhuma e um dia decidimos ir. Fomos… e três anos depois continuamos aqui a competir. Experimentem. Se gostarem, continuem. Se não, há mais modalidades. Mas vão ver que vão gostar.”
Texto: Ana Linhares
