As eleições autárquicas deste domingo evidenciaram uma reconfiguração no panorama político local. O mapa distrital, anteriormente dominado pelo Partido Socialista (PS) em 16 dos 18 distritos desde 2021, apresenta agora uma tonalidade mais alaranjada, refletindo o avanço do Partido Social Democrata (PSD). Beneficiando de diversas coligações, o PSD assegurou vitórias em autarquias de elevada importância estratégica, como Lisboa e Porto, embora tenha sofrido derrotas significativas em bastiões históricos como Viseu e Bragança, reconquistados pelo PS.
Os resultados revelam uma noite eleitoral marcada por ganhos moderados e por uma leitura cautelosa dos desempenhos partidários. José Luís Carneiro, secretário-geral do PS, afirmou que o partido “regressou”, ainda que tal recuperação não tenha sido suficiente para garantir a vitória global. Já André Ventura, líder do Chega, reconheceu que o partido ficou “aquém das expectativas”, apesar de ter alcançado a presidência de três autarquias.
O presidente do PSD apresentou, contudo, uma leitura otimista dos resultados, considerando que os sociais-democratas se afirmaram como a força política com maior representatividade autárquica: “Somos, efetivamente, objetivamente, os grandes vencedores”, declarou.
Em termos geográficos, o PSD conseguiu conservar a Câmara Municipal de Lisboa e conquistar o Porto, mas viu enfraquecer a sua influência em territórios tradicionalmente favoráveis, como Viseu e Bragança.
Nas regiões autónomas, o quadro político manteve-se essencialmente estável. Nos Açores, o PS voltou a vencer, embora com uma redução de cerca de dez mil votos face a 2021. Na Madeira, a coligação PSD/CDS reforçou a sua posição, ao passo que o partido Juntos Pelo Povo (JPP) emergiu como força em ascensão, substituindo o PS e conduzindo à saída de Paulo Cafôfo da cena política regional. Regista-se ainda um facto inédito: a conquista da primeira câmara municipal pelo Chega nas ilhas, sinalizando uma diversificação do espectro político.
Beatriz Peixoto