Somos pequenos adultos. Adultos que estudam e que trabalham e nem sempre é constante a conciliação dos dois.
Para uma pequena rapariga de uma cidade pequena, a universidade é um mundo. A terra prometida, a realização de alguma coisa que não dependa dos pais ou de ser neto da Maria da esquina ou do João do café. É a primeira grande abertura para algo conquistado pela própria vontade e mérito. Mas não chega. Quando entramos na universidade a vida é diferente e os horizontes são ampliados. A vida passa a ver-se como uma espécie de pausas e uma junção complexa entre ser adulto e ser universitário. Não é possível viver com cem por cento. O equilíbrio é necessário, mas difícil. Noites académicas são incríveis! Mas amanhã levanto-me às sete porque tenho de trabalhar. Um café? Sim! Mas não pode ser até tarde!
Começamos a ter responsabilidades que não imaginávamos e que não vêm no pacote de estudante que compramos quando chegamos à UTAD! Acho que quando começamos a trabalhar começamos a entender as vidas dos nossos pais… como é difícil sorrir tão cansada, ser simpática quando estamos num dia mais “não”, ser sempre educada porque nos estão a pagar apenas por fazer o que eles pedem. Estudar parece umas férias perto de ficar horas de pé, levantar reais pesos e mais difícil: nunca se queixar.
Enquanto pessoa aprendi que não é sobre mim, é sobre o que é preciso fazer, ser. No trabalho eu sou funcionária, eficiente e sempre pronta para voltar. Na universidade sou aprendiz, educada e com uma boa dose da minha personalidade no meio. Alegria, aprendizagem e erros são o que nos deixa completos. Não é preciso ser tudo, mas sendo tudo acabamos por deixar de nos preocupar com o nada. Ser tudo é bom, mas ser universitária numas pausas incríveis da vida é o que nos faz continuar a lutar. Aquilo não é o nosso futuro… o nosso futuro começou quando demos o primeiro passo dentro da universidade.
Vera Fernandes