O debate entre António José Seguro e João Cotrim Figueiredo, transmitido pela RTP, ficou marcado pela discussão em torno da experiência política, da capacidade de liderança e do equilíbrio do sistema político. Num frente a frente com um tom firme, mas menos tenso do que noutros debates, os dois candidatos evidenciaram diferenças claras em matérias ideológicas, sobretudo no trabalho e na saúde.
João Cotrim Figueiredo, apoiado pela Iniciativa Liberal, começou por reconhecer a integridade e a transparência de António José Seguro, mas questionou a sua capacidade para inspirar e mobilizar o país. O liberal afirmou que essas qualidades são um requisito mínimo para o cargo e argumentou que, se Seguro não consegue unir totalmente o seu próprio partido, dificilmente conseguirá fazê-lo à escala nacional. Defendeu ainda ser o único candidato capaz de ultrapassar a sua área política de origem.
António José Seguro rejeitou essa leitura e sublinhou que conta com apoios vindos de diferentes quadrantes políticos, defendendo que o verdadeiro confronto deve ser ideológico. Nesse sentido, apontou o pacote laboral do Governo como uma diferença clara entre ambos, afirmando que, se fosse Presidente da República, o vetaria, ao contrário de Cotrim Figueiredo, que o promulgaria. Para Seguro, uma eventual eleição do candidato liberal reforçaria o domínio da direita e colocaria em causa a moderação e o equilíbrio do sistema político.
Cotrim Figueiredo respondeu criticando a ideia de que o equilíbrio institucional depende da cor política dos titulares dos cargos, considerando perigosa a lógica de distribuir o poder por “cestos”. Defendeu que o essencial é a independência do Presidente face ao Governo, independentemente de quem esteja no poder. O debate terminou com ambos a reafirmarem visões opostas sobre o papel do Presidente da República, deixando claro o contraste entre uma leitura mais política do cargo e outra centrada na autonomia institucional.
Beatriz Peixoto
