António Filipe vs André Ventura

António Filipe vs André Ventura

O debate entre António Filipe, apoiado pelo PCP, e André Ventura, líder do Chega, ficou marcado por um confronto duro e por acusações diretas de parte a parte. Transmitido pela RTP, o frente a frente centrou-se sobretudo na legislação laboral, na democracia e na segurança, revelando visões profundamente opostas para o país. 

António Filipe acusou André Ventura de integrar o chamado consenso neoliberal e de estar politicamente próximo de Pedro Passos Coelho, lembrando que o líder do Chega já admitiu que não teria avançado para a corrida presidencial caso o antigo primeiro-ministro se tivesse candidatado. Para o candidato, essa posição revela que Ventura está alinhado com os grandes interesses económicos, e não com os trabalhadores. Defendeu ainda que a recente mudança de discurso do Chega sobre a lei laboral resulta do impacto da greve geral, sublinhando que a verdadeira prova será o sentido de voto quando a proposta chegar à Assembleia da República. 

Ventura rejeitou as acusações e afirmou que o Chega sempre se manteve coerente, garantindo que votará contra a proposta do Governo se esta não for alterada, embora se mostre disponível para negociar. Acusou António Filipe de criticar a lei apenas porque sabe que o PCP não terá influência no resultado, e afirmou que assume a responsabilidade de decidir se há ou não reforma laboral. O líder do Chega respondeu ainda à associação a Passos Coelho, dizendo que teria orgulho numa candidatura do antigo primeiro-ministro. 

O tom do debate subiu quando Ventura acusou António Filipe de simpatizar com ditaduras e de admirar regimes como os de Fidel Castro, Nicolás Maduro, ou da Coreia do Norte. O candidato respondeu lembrando o papel do PCP durante a geringonça e rejeitou as acusações, classificando-as como falsas e vazias. A discussão alargou-se depois às ameaças à democracia, com António Filipe a considerar Ventura um perigo para o regime, por defender a revisão da Constituição enquanto candidato a Presidente. 

A segurança foi outro dos temas centrais, com André Ventura a defender poderes excecionais para a polícia e a afirmar preferir um criminoso morto a um agente das forças de segurança. António Filipe classificou essa posição como muito grave e acusou Ventura de seguir modelos autoritários, apontando o exemplo do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, referência que o líder do Chega assumiu sem reservas. O debate terminou sem qualquer aproximação, deixando claro o choque entre duas visões políticas incompatíveis. 

Beatriz Peixoto