O debate entre António José Seguro, candidato apoiado pelo PS, e Henrique Gouveia e Melo, que concorre como independente, ficou marcado por um tom tenso e por críticas diretas de parte a parte. Logo nos primeiros minutos, Seguro desvalorizou as sondagens e defendeu que Portugal precisa de um Presidente com experiência política, capaz de dialogar com os partidos e de garantir estabilidade institucional. Nesse contexto, afirmou que votar em Gouveia e Melo representa “um tiro no desconhecido”, devido à falta de percurso político do antigo almirante.
Henrique Gouveia e Melo respondeu acusando o socialista de tentar regressar à vida política para reciclar a sua carreira e de representar uma liderança associada à estagnação. O ex-chefe do Estado-Maior da Armada lembrou os vários anos em que Seguro esteve afastado da política ativa e afirmou que o país precisa de respostas concretas e eficazes, apresentando-se como um profissional de resultados e não da política tradicional.
Seguro manteve a crítica à candidatura do adversário, sublinhando que o cargo de Presidente exige conhecimento profundo do funcionamento do sistema político e do diálogo entre instituições. Acusou ainda Gouveia e Melo de não compreender o “tempo do Presidente”, por ter anunciado a candidatura durante as eleições legislativas e por se apresentar como independente apesar dos contactos com dirigentes partidários.
Apesar do arranque marcado por confrontos intensos, o debate terminou de forma mais contida, com algum entendimento em áreas consideradas fundamentais para o Estado, como a justiça. No final, ficou evidente o contraste entre duas visões para a Presidência da República: uma baseada na experiência política e outra num perfil independente, focado na ação e nos resultados.
Beatriz Peixoto