O debate entre Luís Marques Mendes e André Ventura, transmitido pela SIC e SIC Notícias a 25 de novembro de 2025, focou-se em questões como o sentido de Estado e combate à corrupção. Desde o início, os candidatos apresentaram abordagens divergentes: Marques Mendes centrou-se na defesa institucional e na apresentação de soluções concretas para a Justiça, enquanto Ventura privilegiou a retórica combativa e gestos simbólicos, apelando à indignação do eleitorado face ao sistema político.
O tema inaugural, o 25 de Novembro, tornou-se o palco do primeiro round. Marques Mendes defendeu a importância equivalente do 25 de Abril e do 25 de Novembro, salientando o papel de ambas, as datas, na restauração da democracia e criticando Ventura por mostrar com as suas ações, querer ser “líder da oposição” e não Presidente da República. Ventura justificou a sua ação, de retirada dos cravos na Assembleia da República, como forma de afirmar a memória nacional e a soberania, apresentando-se como um candidato firme e decidido a confrontar tradições estabelecidas. “Os cravos hoje não deviam estar, deviam estar rosas brancas. Estou farto que a ‘esquerdalhada’ faça o que quer no Parlamento.”
No eixo da justiça e do combate à corrupção, Marques Mendes apresentou uma estratégia institucional, anunciando que o primeiro Conselho de Estado que convocaria, caso eleito, seria dedicado à reforma da Justiça, com especial atenção à morosidade, às desigualdades de acesso e ao corporativismo. Ventura, por sua vez, questionou a eficácia de medidas institucionais, lembrando que o seu partido já apresentou propostas concretas rejeitadas pelo PSD e acusando Mendes de ter permanecido em silêncio perante casos de corrupção, colocando em causa a sua autoridade moral.
No que diz respeito à coerência e ao sentido de Estado, Mendes criticou declarações controversas de Ventura sobre líderes internacionais, classificando-as como desrespeito institucional, enquanto Ventura defendeu a consistência do seu patriotismo, afirmando que as suas ações visam proteger a memória e o prestígio de Portugal.
Em suma, o debate evidenciou claramente a diferença entre institucionalismo e populismo: Mendes apostou em soluções concretas e equilíbrio, enquanto Ventura privilegiou confrontações e gestos simbólicos.
Beatriz Peixoto