Barbarian (2022)

Um terror moderno que brinca com as expectativas dos espectadores

Há filmes de terror que assustam pelo sangue excessivo, outros pela tensão, e depois há o “Barbarian”, que desconstroi o próprio conceito de filme de terror. Escrito e realizado por Zach Cregger, o filme parte de uma premissa simples: uma mulher chega a Detroit para alugar uma casa pelo Airbnb e descobre que ela já está ocupada por um desconhecido. Até aqui, tudo soa minimamente previsível, mas é precisamente nessa previsibilidade que o realizador encontra espaço para surpreender.

Sem revelar demasiado (porque este é um daqueles filmes em que o melhor é saber o mínimo possível), Barbarian divide-se em três atos que mudam de tom e género. Cregger brinca com o olhar do espectador, desafiando-o a repensar o que é “ameaçador” e quem realmente é o “bárbaro” da história. O terror aqui não vem apenas das sombras do porão, mas da desconfiança, da culpa e do perigo real.

Georgina Campbell brilha como protagonista, transmitindo vulnerabilidade e força. Bill Skarsgård é usado de forma inteligente, o público já o associa ao seu olhar carregado e penetrante. Por fim, quando Justin Long entra em cena, é a cereja no topo do bolo, o filme ganha uma camada de sátira, expondo o narcisismo e a hipocrisia de Hollywood.

Visualmente, Barbarian é bastante eficaz, a fotografia e o uso do som criam por si só uma atmosfera inquietante, dando também bastante ênfase aos detalhes. É um terror que prefere o desconforto à explosão, o silêncio ao grito. 

No fim, Barbarian é sobre o que acontece quando o horror deixa de ser uma figura monstruosa e passa a ser quotidiano, humano. Um filme que assusta, não só pelo que mostra, mas pelo que insinua. Ideal para ver neste Halloween, mas com uma boa dose de desconfiança sobre quem mora do outro lado da parede. 

                                                                                                                          Mariana Pinto