Expresso Político – Semana 20-26 de outubro

Expresso Político – Semana 20-26 de outubro

A morte de Francisco Pinto Balsemão, a saída de Mariana Mortágua do Bloco de Esquerda
e divergências relativamente à Lei da Nacionalidade marcaram Portugal na passada
semana. Já numa conjuntura internacional, Donald Trump pressiona Hamas para devolver
corpos dos reféns e a Rússia recusa um cessar-fogo imediato. Acompanhem-nos no expresso político desta semana.

Faleceu no passado dia 21 de Outubro, aos 88 anos, Francisco Pinto Balsemão, uma das
figuras mais marcantes da vida política e mediática portuguesa. Foi primeiro-ministro entre 1981 e 1983, num período difícil da consolidação da democracia após o 25 de Abril. Antes disso, fundou o Partido Social Democrata (PSD/PPD) a 6 de Maio de 1974 juntamente com Francisco Sá Carneiro e Joaquim Magalhães Mota. O partido é um dos grandes pilares da democracia e dos mais influentes na sociedade até aos dias de hoje. Para além de deixar marcas intensas na política nacional, Pinto Balsemão também deixou uma marca profunda na comunicação social: fundou o semanário Expresso e mais tarde o grupo Imprensa, responsável pela criação da SIC, a primeira televisão privada em Portugal. O Governo decretou dois dias de luto nacional em sua memória, reconhecendo o contributo de Balsemão para a liberdade de expressão e para a modernização do país.

Foi sexta-feira, 24 de Outubro, num dos plenários sobre o orçamento de estado, em Braga,
que José Luís Carneiro criticou o governo de Luís Montenegro após a proposta de alteração
à Lei da Nacionalidade. O secretário-geral do Partido Socialista, em declarações aos jornalistas, acusa o governo social-democrata de se manter “no caminho da insensibilidade e da desumanidade” dando o
exemplo de um cidadão que está em Portugal e pediu uma autorização de residência há quatro anos, ainda está à espera da resposta do estado ao seu pedido. Para rematar, afirma que os socialistas “fizeram um esforço muito grande, até à última hora, para conseguir uma solução mais equilibrada”, que não obteve sucesso.

Na manhã deste sábado, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, enviou uma longa mensagem aos militantes do partido anunciando que não se vai candidatar à liderança do partido. Nesta mensagem assume não ter cumprido o objetivo de encontrar novos caminhos para o partido após o colapso do socialismo e a ascensão da direita e extrema-direita. A deputada e líder do Bloco considera que o objetivo falhou “Não apenas porque continuou a redução do espaço eleitoral do Bloco, mas também porque a renovação que então fizemos não se revelou suficiente para relançar a nossa intervenção social.” O partido terá uma convenção nacional nos fins de Novembro.

A Rússia voltou esta semana a recusar um cessar-fogo imediato no conflito com a Ucrânia,
travando as esperanças de um avanço nas negociações de paz. O plano de encontro entre Vladimir Putin e Donald Trump, que poderia abrir caminho a um novo diálogo, ficou em suspenso depois da negativa de Moscovo. O Kremlin insiste que só aceitará discutir uma trégua se a Ucrânia reconhecer perdas
territoriais e aceitar condições favoráveis à Rússia, algo que Kiev e os seus aliados recusam firmemente. Para o governo ucraniano, esta decisão mostra que Moscovo não está disposta a parar os combates, mantendo viva uma guerra que já dura há mais de três anos e continua a provocar milhares de vítimas e deslocados.

O presidente norte-americano, Donald Trump, voltou esta semana a pressionar o Hamas para que devolva os corpos dos reféns mortos que ainda estão na Faixa de Gaza. Entre eles estarão cidadãos americanos e israelitas que foram capturados pelo grupo durante o conflito. Trump avisou que, se o grupo não entregar rapidamente os corpos, outros países envolvidos nas negociações poderão agir. O aviso surge no contexto das conversas de cessar-fogo, onde a devolução dos reféns, vivos e mortos, é um dos pontos centrais. Até agora, o Hamas devolveu apenas alguns corpos, mas continua a reter vários, o que tem aumentado a tensão e atrasado os avanços diplomáticos.


Íris Almeida