Expresso Político – Semana 22-28 Setembro

Expresso Político – Semana 22-28 Setembro

Entre contas públicas, lutas presidenciais e ruas em protesto, o Governo sentiu esta semana o peso da contestação e da negociação. Fora de portas, a Assembleia Geral da ONU voltou a expor as fragilidades da ordem internacional, com a questão palestiniana a ganhar novo fôlego e a China a desafiar, mais uma vez, a liderança americana.

O primeiro-ministro Luís Montenegro apelou à responsabilidade da oposição nas negociações orçamentais, garantindo que Portugal crescerá “próximo dos 2 %” este ano e apresentará um superávit de 0,3 %. A oposição criticou duramente o Governo nas áreas da saúde e educação, acusando-o de não romper com as falhas herdadas.

Em relação ás presidenciais, António José Seguro afirmou que, se eleito, será um Presidente “árbitro e discreto”, rejeitando ser um “primeiro-ministro sombra em Belém”. Rui Rio alertou que uma vitória de Marques Mendes abriria caminho para o Chega conquistar o poder nas legislativas futuras, considerando o almirante Gouveia e Melo como o único capaz de contrariar esse cenário. André Ventura reforçou a sua candidatura, prevendo uma disputa direta com Gouveia e Melo numa eventual segunda volta.

O Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que, apesar das dissoluções parlamentares, houve “estabilidade apreciável” durante os seus mandatos. Em Nova Iorque, usou a tribuna da ONU para pedir reformas profundas na organização e reforçou a candidatura de Portugal a um assento no Conselho de Segurança.

O PSD anunciou abertura para negociar com o Chega alterações à Lei dos Estrangeiros, sinalizando uma colaboração pontual entre os dois partidos num tema central para a agenda política.

Milhares de pessoas saíram às ruas em Lisboa e no Porto contra a revisão da legislação laboral proposta pelo Governo. A CGTP-IN e o PCP classificaram as medidas como um “retrocesso social”, acusando o executivo de aumentar precariedade e fragilizar direitos.

A 80.ª sessão da Assembleia Geral da ONU foi palco de forte pressão para o reconhecimento internacional da Palestina. Vários países — incluindo Austrália, Reino Unido e Canadá — juntaram-se a França e Portugal nesse passo diplomático.

Líderes globais reunidos em Nova Iorque reforçaram a urgência de cortar emissões, preparando terreno para a COP30. Apesar de novos compromissos, organizações ambientais alertam para a falta de medidas concretas.

Beatriz Peixoto