No dia 9 de maio de 2025, o Teatro Municipal de Vila Real foi palco de um comício do Partido Socialista (PS), que encheu por completo a sala. O evento começou com a evocação de um marco histórico: a 9 de maio de 1950, o então ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Robert Schuman, apresentou a proposta que viria a dar origem à futura União Europeia — facto relembrado no contexto do Dia da Europa.
Durante o comício, foi exibido um vídeo do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), no qual manifestou o seu apoio a Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS.
As intervenções arrancaram com Rui Santos, cabeça de lista por Vila Real e ex-presidente da Câmara Municipal, que deu as boas-vindas aos presentes, com destaque para Pedro Silva Pereira, antigo vice-presidente do Parlamento Europeu. Rui Santos elogiou os 12 anos de governação socialista na autarquia, referindo obras estruturantes como o Túnel do Marão.
Defendeu a descentralização institucional, propondo a transferência do Ministério da Agricultura para fora de Lisboa, e valorizou o papel da Casa do Douro e a necessidade de fomentar a exportação de uvas portuguesas. Reforçou também a importância da consolidação do curso de Medicina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), uma promessa da ex-ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato.
Apesar dos desafios enfrentados — da troika à pandemia, passando pela inflação — Rui Santos sublinhou que Vila Real “nunca parou de crescer”, contribuindo ativamente para o desenvolvimento da economia regional e nacional.
Rui Santos não poupou críticas ao líder do PSD, Luís Montenegro, questionando alegadas ligações a empresas privadas. Apontou ainda à candidata do PSD por Vila Real, Ana Paula Pinto, atual ministra da Saúde, acusando-a de não ter ligação ao distrito e de apenas procurar garantir um lugar parlamentar em caso de derrota do partido.
Seguiu-se o presidente do PS, Carlos César, que reiterou a importância da descentralização e acusou a Aliança Democrática (AD) e o partido Chega de serem “farinha do mesmo saco”, contribuindo para a “in civilização da política portuguesa”. Afirmou que PSD e Chega são mutuamente dependentes para governar e criticou Luís Montenegro por alegada promiscuidade entre funções públicas e interesses privados.
Carlos César mencionou as dificuldades enfrentadas pelo país, incluindo o apagão nacional, as greves do INEM — que terão resultado, segundo ele, em 10 a 12 mortes — e as paralisações na CP. Embora a economia tenha crescido, salientou que o nível não foi suficiente para recuperar os impactos da pandemia. Destacou ainda o agravamento do custo da habitação, a falta de médicos de família, e a subida da inflação e da dívida pública — que passou de cerca de 274 mil milhões de euros em janeiro de 2025 para mais de 278 mil milhões em março.
O encerramento coube a Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, que reforçou a necessidade de os candidatos representarem verdadeiramente os seus distritos, defendendo uma visão de “Portugal inteiro” em vez de um país centrado em “Lisboa e paisagem”.
Destacou o fim das portagens nas antigas SCUT do interior, como a A4 e o Túnel do Marão, e responsabilizou o PSD e o governo de Luís Montenegro pela crise política e pelos despedimentos em várias empresas desde a sua chegada ao poder. Contrastou com o período anterior, em que, segundo afirmou, a economia crescia sob a liderança de António Costa.
Pedro Nuno Santos criticou ainda a gestão da greve da CP e do apagão, lembrando que, enquanto ministro das Infraestruturas, garantiu serviços mínimos. Referiu rumores de uma possível coligação do PSD com a Iniciativa Liberal, afirmando que o PS é “um porto seguro para os portugueses”.
Entre as propostas apresentadas, destacou-se a redução do IVA sobre bens essenciais, incluindo eletricidade e alimentos, com uma diminuição de 6% no consumo e de 20% na circulação. Acusou ainda o atual governo de desviar recursos do Serviço Nacional de Saúde para o setor privado e comprometeu-se com o aumento do salário mínimo para 1.110 euros e do salário médio para 2.000 euros.
Pedro Nuno Santos também apontou o aproveitamento do potencial económico do oceano Atlântico, nomeadamente através da produção de energia.
Terminou com um apelo à confiança no PS, garantindo que o partido estará sempre disponível para resolver os problemas do país.
Texto: António Teixeira
Foto: PS