A Youth Academy, o Núcleo de estudantes de Psicologia, a Associação Académica da UTAD e O Torgador organizaram um debate entre jovens representantes de várias forças políticas candidatas pelo círculo eleitoral de Vila Real. Estiveram presentes José Brás (suplente da AD), Manuel Pinto (suplente do PS), David Leite (n.º 5 da CDU) e Luís Ramalho (cabeça de lista do LIVRE). O debate abordou temas como saúde mental, educação, habitação e custo de vida dos estudantes.

O primeiro tema foi a saúde mental, com foco nos estudantes. José Brás defendeu o reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas sublinhou que o setor privado também deve ser considerado. Destacou a Santa Casa da Misericórdia de Valpaços, que visitou em campanha, e propôs a criação de um “cheque-psicológico”.
Manuel Pinto criticou a falta de capacidade do SNS, apontando deficiências graves nos cuidados de saúde mental e oral. Defendeu que o sub-financiamento do setor público é agravado pelos apoios ao setor privado, e reforçou a necessidade de crescimento económico para viabilizar melhorias.
David Leite afirmou que a saúde mental “não é um luxo, é um direito”. Propôs a criação de especializações dentro da área da saúde mental, combate à precariedade, valorização dos profissionais e análise profunda do sistema de saúde.
Luís Ramalho criticou a privatização do SNS e defendeu o reforço de psicólogos nas escolas secundárias. Apontou os jogos de azar, em particular os casinos online, como um dos principais fatores de impacto na saúde mental dos jovens.

Sobre a carreira dos psicólogos, Manuel Pinto destacou a dificuldade em fixar profissionais no interior, como em Chaves, e defendeu a valorização salarial e de carreira. Reconheceu, no entanto, que “não há sistemas de saúde perfeitos”.
José Brás criticou a utilização de contratos precários, como os recibos verdes, e defendeu a integração dos psicólogos nos quadros do Estado.
Luís Ramalho salientou a importância de agir antes dos problemas se agravarem, combatendo a precariedade e aumentando o número de profissionais no setor.
David Leite também defendeu melhores salários e condições de trabalho, além da cooperação entre setor público e privado.
No tema da valorização da educação secundária, David Leite defendeu um sistema de avaliação contínua e a valorização das carreiras dos professores e funcionários.
Luís Ramalho propôs a criação de um “ano zero” para apoiar a transição do secundário para a universidade ou o mercado de trabalho. Propôs também a criação de uma agência de inteligência artificial, inspirada numa medida semelhante em Espanha, e o aproveitamento das escolas para atividades culturais aos fins de semana.

Manuel Pinto defendeu o fim das propinas e uma maior participação dos estudantes no sistema educativo, além da valorização da pré-escola.
José Brás afirmou que a oferta é insuficiente e que é necessário garantir uma educação com qualidade para todos, independentemente da condição económica. Defendeu também a valorização dos professores e o controlo do uso de telemóveis nas escolas.
Sobre o custo de vida dos estudantes, José Brás criticou a falta de camas nas residências e afirmou que o fim das propinas não resolverá os problemas de qualidade de vida. Considera que o valor atual das propinas é baixo.
Manuel Pinto defendeu o reforço do IRS Jovem e criticou alterações feitas pelo PSD, acusando a direita de ignorar os estudantes mais desfavorecidos.
David Leite criticou a incoerência do PS no apoio aos estudantes e alertou para a dificuldade de muitos em suportar os custos do ensino superior.
Luís Ramalho propôs o fim das propinas no primeiro ano de curso e acusou a AD de defender uma política que não contribui para a igualdade de oportunidades.
No tema da habitação, Manuel Pinto reconheceu falhas do PS e criticou o “liberalismo habitacional”. Propôs a construção e reabilitação de habitação pública com recurso aos lucros da Caixa Geral de Depósitos e o reforço do programa Porta 65.

José Brás acusou o PS de inação quanto ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e defendeu que o problema está na elevada procura e não na falta de construção. Criticou a burocracia e falta de eficácia nas medidas.
Luís Ramalho propôs aumentar a habitação pública para 10% do total e apresentou o programa “3C – Casa, Conforto e Clima”, que visa combater a pobreza energética e integrar soluções sustentáveis, como painéis solares.
David Leite identificou o mercado como principal obstáculo, sublinhando que apenas 2% da habitação é pública. Defendeu o aumento dos salários e o combate à especulação imobiliária.

Texto: António Teixeira
Fotos: Inês Moura/Diogo Linhares