Vai parecer irónico depois do último jogo que terminou numa reviravolta incrível (sim refiro-me ao golo do Maguire nos descontos do prolongamento), mas oManchester United encontra-se neste momento em 14º lugar na Premier League, sendo uma das piores épocas do clube, a nível interno, na história. Por outro lado, encontra-se nas meias-finais da Liga Europa, que se está a mostrar a única esperança de um troféu nesta época, tal como a única forma do clube inglês participar nas competições europeias em 25/26.
Esta época, a equipa teve dois nomes no seu comando, um já em fim de linha e outro para renovar a esperança dos adeptos, de novo. Quanto ao primeiro, falamos de Erik Ten Hag, que já deveria ter sido despedido durante o mercado de verão, mas os donos do clube quiseram apostar nele, mostrando-se um grande falhanço, tendo sido mandado embora do clube após 9 jornadas, com um começo horrível no campeonato.
O problema é que esta já é uma história repetida, num clube que parece mergulhado num poço sem fundo, mas com crenças renovadas com a chegada de um novo treinador, este português, Rúben Amorim.
O passado: Manchester United pós Ferguson

Erik Ten Hag não era o problema, ou pelo menos o principal. Tal como não o eram grandes treinadores como David Moyes, José Mourinho, Ralf Rangnick e Louis Van Gaal. E tal como não será Rúben Amorim.
Desde 2013, altura em que Alex Ferguson se reformou, o lado vermelho da cidade de Manchester já vai no seu nono comandante. Quase nenhum fez um trabalho decente, e vários estilos de jogo passaram e não deram certo. Fica aqui a dúvida então: se nenhum treinador consegue fazer realmente um bom trabalho, será que o problema será esse? A resposta é fácil: Não.
Os problemas do Manchester United são muito mais do que quem treina a equipa. É tudo o que rodeia o clube, que vive preso ao passado e às glórias de Ferguson, maior treinador da história do clube. Vai desde os diretores do clube até à falta de infraestruturas, desde os gastos absurdos de dinheiro até à falta de qualidade dos jogadores que representam a sua camisola. Tudo tem de ser mudado, precisam de uma limpeza total.
O presente: chegada de Rúben Amorim

Rúben Amorim chegou ao clube para fazer exatamente o mesmo tipo de trabalho que teve de fazer no Sporting nos últimos anos, que era reconstruir uma equipa em cacos e com muito para melhorar. Em Portugal conseguiu alcançar o seu objetivo, com bastante tempo para poder trabalhar: foram dois campeonatos e uma taça da liga em pouco mais de 4 anos, tornando outra vez o Sporting um clube com glórias.
Em Inglaterra, teve um começo bastante apetecível, vencendo o principal rival dos Red Devils, o Manchester City, mas não passou de um início enganoso que viria a tornar-se um loop negativo, repetindo-se a história de novo. Antes da chegada, dito como novo Alex Ferguson. Uns meses depois, já começa a receber um grande número de críticas, principalmente pela forma como deixou o Sporting a meio da época e como o seu trabalho no clube parece não mostrar grande evolução. Mas ele não é culpado desta situação. Os jogadores não são adaptados ao seu estilo de jogo e muitos deles são totalmente sem qualidade alguma para o nível competitivo que é a Premier League.
O ponto positivo da sua passagem, sem ser claro a possibilidade de ganhar a Liga Europa, é a garantia dada por Jim Ratcliffe, CEO do United, que referiu o seu voto de confiança em Rúben Amorim para a época 25/26, onde poderá adaptar a sua equipa ao seu estilo.
O futuro: o que deve mudar?

A próxima tentativa está prestes a chegar. Será que na próxima Premier o United vai ser mais competitivo? Caso esteja na Champions (vencendo esta liga Europa), vão conseguir não passar vergonhas, como na última vez que lá estiveram? São várias perguntas as que se podem fazer, mas todas dependem de dois aspetos principais: estabilidade e aumento do nível da equipa.
Quanto ao nível da equipa, destacam-se quatro posições em que se deveriam fazer contratações, não só devido ao estilo de jogo de Amorim (3-4-2-1 com os alas bastante ofensivos) como também à falta de qualidade de algumas peças.
Começando pela posição mais carente: a falta de um ponta-de-lança. Hojlund desde que chegou nunca demonstrou ser realmente o matador que a equipa precisa, para além de não conseguir debater-se da melhor forma com o jogo físico da liga inglesa (talvez a chegada de Gyökeres, ex-jogador do Amorim?).
A defesa também precisa de ser reforçada. Neste momento o único central que têm nível para aquela equipa, por incrível que pareça, é o Maguire, que têm diminuído a quantidade de erros infantis e também é uma arma bastante forte a nível ofensivo, recuperando alguma da qualidade que fez com que ele fosse, na altura da sua contratação, o central mais caro da história.
No meio-campo, talvez fosse importante a contratação de segundas linhas que impusessem competitividade dentro do plantel. Eriksen não serve, Casemiro demonstra vários problemas de concentração (embora tenha melhorado o seu nível nos últimos jogos). Destaco o possível crescimento da importância de Ugarte na equipa, ele que já é um titular absoluta no meio-campo.
Finalmente, um guarda-redes. André Onana já está demasiado desgastado dentro do United. Embora faça alguns jogos bons, de longe a longe, mais prejudica a sua equipa do que ajuda, cometendo erros infantis, incluindo alguns frangos inacreditáveis. Já Bayindir, serviria apenas como segunda escolha, não têm nível para dar luta na titularidade, sendo parecido com Onana em termos de irregularidades.
Acredito que nós, portugueses, queremos que Rúben Amorim faça um bom trabalho em Inglaterra. Mas se não tiver o apoio financeiro do clube e dos adeptos vai ser só mais de um de uma longa lista. Uma longa e trágica lista.
VOZ DE BANCADA
Texto: Bruno Gomes