No dia 29 de março, os Claustros do Antigo Governo Civil de Vila Real encheram-se de artesanato, música e poesia. Centenas de visitantes circularam pelo espaço ao longo do dia para conhecer o trabalho de dezenas de artesãos locais.
O Art’in Bila é um mercado de artes e artesanato organizado por duas artesãs vila-realenses – Isa e Rita -, criadoras dos negócios ClaYsa e ÉSSE – Handmade Arts. Esta ideia surgiu da vontade de “criar um mercado onde todos possam expor e vender os seus trabalhos gratuitamente”, como se lê na apresentação do projeto, e teve a primeira edição em março de 2024. Este ano voltaram “à carga” para mais um Art’in Bila.
Daniel, da Por Artes Mágicas, foi um dos expositores desta edição. Em entrevista ao Torgador, destacou a importância da localização: “O espaço tem algo que ajuda muito na circulação. As pessoas andam livremente e está muito centralizado, o que permite, a nível da acessibilidade, garantir que todo o tipo de pessoas consegue aqui estar”. Para o artesão, eventos como este são fundamentais para o interior do país, uma vez que promovem o encontro e a partilha entre artistas — algo que, segundo Daniel, “faz falta” e “não só a cidade mas também toda a vizinhança beneficia”.
Assim como Sandra que viu no Art’in Bila uma oportunidade para mostrar as peças originais do negócio que gere – Sklays – mais perto de casa. A artista, vinda de Ribeira de Pena, confessou mesmo que “achava que havia uma certa falta [de feiras de artesanato] na região” e que, por isso, chega a deslocar-se até ao Porto para expor o seu trabalho. Agora, com o Art’in Bila, sente que há finalmente espaço para mostrar o que se faz localmente. “Gostava de ter vindo à primeira edição, não consegui. Vim a esta e, se houver uma terceira, eu venho”, garantiu.


A segunda edição trouxe também novidades no que toca à organização. Num ano que se revelou mais desafiante que o primeiro, Rita e Isa, da organização do Art’in Bila, quiseram exceder o patamar e unir-se à associação Cultura a Dentro para alargar o panorama artístico. “Não íamos fazer exatamente a mesma coisa que fizemos na primeira edição”, explicou Rita. De acordo com a organizadora, o crescimento foi notório e “a adesão das pessoas foi claramente maior”.
Do lado da Cultura a Dentro, Sofia partilhou do mesmo entusiasmo: “Quando fomos convidados como associação para fazer parte como parceiros, recebemos isso de forma super positiva”. Sofia já tinha estado presente na primeira edição, como visitante, mas agora, como parceira, afirma ter ficado muito satisfeita com o resultado: “há muitas mais bancas do que no ano passado”. Para o futuro, não escondeu a vontade de continuar esta união.
A manhã começou dedicada aos mais novos com um workshop gratuito de cerâmica fria exclusivamente para crianças com idades compreendidas entre os seis e os onze anos. Seguiu-se o projeto artístico-musical “Palavras Musicadas” que juntou literatura, música, teatro e artes plásticas para animar miúdos e graúdos. O evento estendeu-se pelo resto do dia com onze artistas a marcar presença e a dar mais vida ao mercado. Entre eles, Leonardo Afonso a preencher os corredores com notas de saxofone, os guitarristas Ricardo Pavão e Paulo Afonso, o rapper e poeta Delirium, o cantautor Tiago Chaves e o dia a terminar com o DJ Mazeda.


A música que se ouvia lá dentro ressoava para fora, e a curiosidade dos que passavam pelos portões dos claustros convidava-os a entrar no mercado.
Foi o caso de vários visitantes que não ficaram indiferentes à iniciativa. Para alguns “repetentes”, esta segunda edição “está melhor, tem mais variedade” e “mais gente a participar, com ideias novas e inovadoras”. Muitos destacaram o ambiente acolhedor e a diversidade do mercado, num ano particularmente especial para a cidade. “Acho que é um evento interessante, principalmente porque a cidade está a fazer 100 anos”, relembrou uma das visitantes, reforçando ainda a importância de iniciativas que aproximam as pessoas da cultura, da arte e da comunidade.
Com boa adesão, maior leque de artistas e um entusiasmo visível nos organizadores, participantes e visitantes, o Art’in Bila mostrou assim que tem espaço para continuar a crescer e consolidar-se como um evento “obrigatório” na agenda cultural da cidade vila-realense.









