Em mais um debate de “substitutos”, Nuno Melo (AD) e Joana Mortágua (BE) discordaram em quase tudo. Foi Pedro Nuno Santos que colocou em conformidade os dois políticos, mas apenas por 30 segundos.
O debate entre a Aliança Democrática e o Bloco de Esquerda começou com o tema do dia: a abertura de uma averiguação preventiva a Pedro Nuno Santos sobre a aquisição de duas casas. Tanto Nuno Melo como Joana Mortágua não quiseram aprofundar o caso e defenderam que o debate serve para falarem dos problemas do país e discutirem as diferenças entre os partidos nas soluções para os mesmos.
Mas só mesmo este assunto conseguiu pôr os dois políticos de acordo. Em todos os temas seguintes, ficou claro que AD e BE se encontram em polos opostos.
Na imigração, o Bloco de Esquerda criticou o programa “Via Verde para a Imigração”, acusando-o de fazer de conta que limita a entrada de imigrantes no país, e associou o Governo ao Chega. Até Paulo Portas foi chamado à conversa por Mortágua, que afirmou que até o ex-líder do CDS-PP reconhece a necessidade de imigrantes para a economia do país. Já Nuno Melo acusou os antigos governos do PS de abrirem as portas a toda a gente, o que resultou na vinda de pessoas sem condições de habitação e sem trabalho garantido.
Na habitação, Joana Mortágua defendeu uma proposta já conhecida dos bloquistas: a criação de um teto para as rendas. O representante da AD refutou a medida, acusando-a de ser uma proposta ao estilo de Salazar, utilizada em 1948. A solução apresentada por Nuno Melo passa pela construção de novas habitações, aumentando a oferta.
A discussão aqueceu quando Joana Mortágua trouxe o tema da saúde e os números de urgências encerradas ao fim de semana. Nuno Melo fez um balanço do Governo na Saúde e defendeu que, com a herança deixada pelo PS, o Executivo conseguiu fazer “coisas” em 11 meses.
Ao nível da governação, o termo “Montenegrização” foi trazido ao debate para explicar uma possível aproximação dos partidos às medidas da AD. Mas o BE preferiu citar Pedro Nuno Santos, usando o termo “Venturização”, insinuando uma aproximação da AD ao Chega. Por fim, a Aliança Democrática voltou a referir que só governará se vencer as eleições e relembrou o “Não é Não” ao Chega, apelando ao voto útil das pessoas de direita.
Texto: Gonçalo Pereira