Natal, época de paz no meio da guerra

Natal, época de paz no meio da guerra

Em tempos, o oficial da Luftwaffe (força área alemã), Erich Alfred Hartmann disse: “A Guerra é um lugar onde jovens, que não se conhecem e não se odeiam, se matam, por decisões de velhos que se conhecem e se odeiam, mas não se matam”.

Uma grande definição que, com pouca informação, diz muito. Se olharmos para a história temos acontecimentos em que de facto esta frase faz sentido. Exemplo disso, são as tréguas de Natal de 1914. Este acontecimento é o favorito para muitos, que gostam da história das guerras mundiais. Mas o que se passou ao certo?

Tudo teve início na noite de 24 de dezembro quando os soldados alemães começaram a cantar músicas natalícias. Provavelmente a primeira a ser cantada foi a “silent nigth”. Com os alemães a cantarem, os britânicos cantaram também, em inglês obviamente, e gritaram da trincheira “Feliz Natal”.

Na manhã seguinte, os alemães saíram da sua trincheira, de braços no ar, sem armas, em direção às trincheiras britânicas. Apesar de alguns relatos dizerem que houve britânicos, por ordem de oficiais, a disparar, a maioria saiu também.

O segundo-tenente britânico Duggan Charter, numa carta que escreveu para casa, dizia: “eu penso que eu vi um dos acontecimentos mais extraordinários de hoje que mais ninguém viu. Hás dez horas desta manhã observei entre as muralhas um alemão a abanar as mãos enquanto mais dois saíram da trincheira e vieram ter connosco. Quando estávamos prestes a disparar reparamos que eles não tinham espingardas, por isso um dos nossos homens foi ter ao encontro deles quando, em dois minutos, o campo entre as duas trincheiras, estava misturado, com homens e oficiais dos dois lados, apertando as mãos e desejando entre eles um feliz Natal.”

As mesmas pessoas que estavam a matar entre si, neste momento, esqueceram a guerra por um segundo e começaram a celebrar o Natal. Trocaram presentes, como chocolate e cigarros. Enterraram os corpos e jogaram uma partida de futebol.

Como podemos ver a definição de Erich Alfred encaixa-se bastante bem neste acontecimento, lembrando que a guerra é começada por velhos que não gostam um do outro, e por isso, mandam jovens que não se conhecem para morrer por eles. Mas chega a uma altura em que o odio é posto de parte, e simplesmente, recusamos matar numa época tão especial como é o Natal.

Num lugar onde o ódio falava mais alto, o amor e a compaixão pelo próximo, falou ainda mais alto, deixando-nos assim um dos acontecimentos históricos mais marcantes durante as guerras.

António Teixeira