Luto, uma das experiências mais universais e profundas que um ser humano pode enfrentar. É um processo de lidar com a perda de alguém ou de algo que foi significativo nas nossas vidas. Mas algo pior do que o luto, é a rejeição do mesmo, é o sentimento do vazio, de solidão em que a nossa vida se transformou.
A parte mais marcante em todo o processo de luto é o momento em que temos a noção de irreversibilidade. Quando damos por nós a saber que nunca mais vamos ver, ouvir, abraçar ou até mesmo falar um “Gosto muito de ti” para alguém, que do dia para a noite se foi e não deu tempo para nos despedirmos.
A culpa é o sentimento que, por vezes, nos acompanha em todo este processo. Vários pensamentos invadem a nossa cabeça: “porque não aproveitei mais com aquela pessoa”, “porque não disse que a amava mais vezes”, “tinha-me despedido se soubesse que era a última vez”. Todos estes pensamentos são normais de acontecer e o misto de emoções de em momentos sentirmos culpa, mas também de sabermos que as coisas aconteceram da maneira que tinham de acontecer.
Dizem que o tempo cura tudo, eu creio que não, porque por muito que o tempo passe, a culpa e a dor permanecem. Cada vez mais atenuada, sim, e até por vezes esquecida, mas quando relembrada parece que se inicia todo este processo novamente.
O luto é um processo que todos nós em algum momento da nossa vida vamos passar, cada um à sua maneira, cada um no seu tempo e devido momento, o que não devemos fazer é simplificar este processo todo e atenuá-lo com um “o tempo cura tudo”.
Juliana Gomes