Falemos de amor, falemos da sincera vontade de amar.
Falemos das tontices de sábado à tarde, do hipotecado momento de domingo, onde a televisão une o coração dos portugueses mais atentos aos pormenores.
Falemos da saudade, falemos da nostalgia pela vivacidade.
Falemos das pérolas antigas do teu colar, da canção memorizada por ti, e por nós. Sabes que ainda me lembro dela, não sabes?
Falemos do céu estrelado por onde viajamos até Paris, Roma e Veneza. Falemos da casa-mãe inundada de retratos enrugados e papéis da velha vila.
Falemos do encanto pela natureza, pela água corrente da fonte, pelo canto persistente dos pássaros que teimam em chegar pela primavera.
Falemos das quatro estações, do prazer do abraço e do beijo, da fantasia pelo lado mais espiritual e monumental.
Falemos do património histórico-cultural que vagueia pelas ruas do teu pátio onde já fomos felizes.
Falemos do confessionário do teu sorriso e das escadas tingidas por pegadas tão sentidas.
Criam-se memoráveis recordações guardadas no baú secreto da vida. Lembramos o intenso companheirismo por um final de tarde, onde tocamos no oceano movimentado pelo piano. O teu piano, a nossa melodia.
Alberto Couto