Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, faleceu no dia 17 de janeiro de 1995. O poeta transmontano destacou-se como um dos mais importantes de Portugal e ganhou o Prémio Camões em 1989.
Adolfo Correia da Rocha nasceu em São Martinho da Anta, em Vila Real, a 12 de agosto de 1907. O seu primeiro livro de poemas é lançado em 1928, ainda assinado com o seu verdadeiro nome. O pseudónimo Miguel Torga surge apenas em 1934, quando já tinha 27 anos, em homenagem a Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. O apelido Torga procura reforçar a sua ligação com a natureza, através da escrita, já que torga é uma planta brava caraterística de zonas montanhosas.
Em 17 de janeiro de 2022, foi fundado, na aldeia onde nasceu, o Espaço Miguel Torga, com o principal objetivo de divulgar a obra do poeta transmontano.
Miguel Torga faleceu no dia 17 de janeiro de 1995, no Instituto de Oncologia, em Coimbra. O seu estado de saúde já se mostrava crítico, cinco meses antes da sua morte.
Começo – Miguel Torga
Magoei os pés no chão onde nasci.
Cilícios de raivosa hostilidade
Abriram golpes na fragilidade
De criatura
Que não pude deixar de ser um dia.
Com lágrimas de pasmo e de amargura
Paguei à terra o pão que lhe pedia.
Comprei a consciência de que sou
Homem de trocas com a natureza.
Fera sentada à mesa
Depois de ter escoado o coração
Na incerteza
De comer o suor que semeou,
Varejou,
E, dobrada de lírica tristeza,
Carregou.
Diogo Linhares
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