Borboletas no estômago, euforia e nervosismo são as emoções que acompanham os primeiros passos dentro do recinto da Semana Académica. Toda a história que construímos parece criar um manto de saudade, um manto quente, confortável e aconchegante ao qual nos queremos agarrar para todo o sempre. Laços de amizade, histórias inesquecíveis, momentos que se tornaram eternos na mente e no coração de quem nesta mui nobre academia entrou, e que culminam neste exato momento. Ao som das tunas, durante a Monumental Serenata, trocam-se palavras e lágrimas entre amigos que partilham inúmeras memórias deste espírito académico que nunca morrerá. Estas emoções triplicam-se nos corações dos finalistas, que em muitos casos se despedem desta bela cidade à qual durante anos chamaram de casa.
Todos estes momentos são vividos pelos estudantes de uma maneira intensa e emocionante, sendo que dão imensa importância a esta fase das suas vidas. Precisamente por quererem viver esta semana de uma maneira tão intensa acabam por surgir alguns malefícios, causados em grande parte pela festa noturna, que pode desencadear consumo excessivo de álcool e de drogas. A literatura tem apontado que o tempo livre gasto para lazer por parte dos jovens é muitas vezes acompanhado pelo uso de álcool e drogas (Romera et al., 2018)
Como consequência, os consumos são superiores em meses com festas académicas em relação aos meses sem essas festas (Trigo & Santiago, 2021). Porque será que isto acontece?
Talvez esta vontade exuberante por parte dos estudantes universitários de consumir álcool e drogas advenha do facto de estes terem consciência que a semana académica é uma oportunidade única de experienciar momentos com as amizades criadas ao longo do percurso universitário. Por quererem desfrutar de modo intenso e abstrair-se de todo o stress que as tarefas universitárias e os problemas pessoais podem causar acabam por ingerir substâncias que os deixam mais relaxados e extrovertidos. A verdade é que nem todos os estudantes estão habituados a beber álcool e a consumir drogas, pelo que não conhecem os seus limites, acabando, muitas vezes, por os ultrapassar. Quando são influenciados pelos grupos de pares e têm medo de serem excluídos acabam por experimentar estas substâncias, o que por vezes pode terminar de forma nefasta. Também por medo de serem excluídas, pessoas tímidas e com problemas de interação social acabam por ingerir mais álcool e drogas (Aveiro et al., 2018).
Beber um pouco de álcool não é prejudicial, se for de forma moderada e ponderada. Com o equilíbrio perfeito conseguimos aproveitar uma das melhores semanas do nosso percurso académico sem causar algum tipo de prejuízo a nós próprios ou aos que nos rodeiam.
Sem dúvida que a semana académica é para ser vivida com os sentidos bem apurados, é para ser vivida com o coração. Assim, o que se vive nesta semana, sobre o manto desta mui nobre academia, ficará eternizado no tempo e nos corações de quem carregar o espírito académico que só na UTAD se vive com plenitude.
“Mas porquê que eu tenho de partir/ se foi aqui que eu senti que vivi/ a mais bela das Histórias que eu tenho para contar/ Vila eu prometo Cá Voltar.”
Este é o espaço do Núcleo de Estudantes de Psicologia, que resulta de uma parceria com o teu jornal académico – O Torgador. Se também gostavas de protagonizar o teu espaço no jornal académico sobre temas relevantes para a academia, contacta-nos através de direcao@otorgador.pt.
Este artigo teve como referências bibliográficas:
Aveiro, A. S. D., Santiago, L. M. de M. S., & Saraiva, C. M. B. (2018). Álcool e Qualidade de Vida na População Universitária de Coimbra. https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/82533?mode=full
Romera, L. A., Martins, R. A., Freitas, H. H., Tinoco, D. D. S., & Rondina, R. C. (2018). Tempo Livre E Uso De Álcool E Outras Drogas: Estudo Comparativo Entre Estudantes Universitários Do Brasil E Portugal. Movimento (ESEFID/UFRGS), 24(3), 765. https://doi.org/10.22456/1982-8918.81951
Trigo, A. C., & Santiago, L. M. (2021). Alcohol drinking in higher education students from coimbra and the impact of academic festivities. Acta Medica Portuguesa, 34(13). https://doi.org/10.20344/AMP.12366