Decorreu no passado dia 22 de fevereiro, uma conversa com a ex deputada Dra. Cristina Rodrigues, promovida pelo Núcleo de Estudantes de Serviço Social, acerca de pobreza menstrual e os problemas acarretados na vida das mulheres.
A Dra. Cristina Rodrigues começou por explicar como a menstruação ainda é considerada um tabu, encarada como algo sujo e impuro, por boa parte da sociedade, impedindo assim muitas mulheres de pedirem ajuda, por sentirem vergonha de seu próprio corpo.
A dificuldade ao ter acesso a produtos higiénicos menstruais ainda é algo muito recorrente em mulheres do mundo todo, o que acaba por gerar impactos na saúde da mulher, causando doenças como infeções urinárias e vaginais, que na falta dos produtos corretos, as faz optar por usar papel higiénico ou o mesmo penso por diversos dias. Além disso, a saúde mental também é muito afetada, já que muitas mulheres, desde a primeira menstruação sentem vergonha de irem para a escola ou para o trabalho, quando não estão utilizando o produto menstrual adequado, temendo que se sujem. Este é um problema que reforça ainda mais da desigualdade de géneros presente na sociedade.
Durante parte da conversa, a Dra. Cristina Rodrigues ressaltou, como em Portugal, ainda há muitos locais que não possuem água e saneamento básico, o que dificulta o acesso a higiene adequada durante o período menstrual e não só.
No decorrer da conversa, foi também abordado como ao longo da pandemia, a pobreza menstrual foi acentuada, já que os produtos se tornaram mais escassos e houve um aumento do preço, afetando muitas mulheres que se encontram na linha da pobreza. As principais ajudas que ocorreram desde a pandemia até agora, não foram governamentais, mas sim de entidades privadas. Apesar de Portugal não tomar medidas que ajude a questão da pobreza menstrual, muitos países como a França e a Escócia, passaram a considerar que os produtos higiénicos menstruais são de direito básico de toda mulher, passando a disponibilizar produtos como pensos menstruais e tampões nas unidades de saúde.
Espera-se que Portugal e muitos países sigam o exemplo da França e Escócia, e entendam a dimensão do problema que é a pobreza menstrual, e se assuma que produtos de higiene menstrual é um direito de toda mulher, e que a sociedade entenda que a menstruação não pode ser encarada como um tabu, pois menstruar é algo normal, é natural e faz parte da vida de toda mulher.
Cássia Teixeira
Imagem: Conferência Pobreza Menstrual