Na passada sexta-feira, na sede do Banco de Portugal (BdP), em Lisboa, numa assinatura de protocolo com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Mário Centeno revelou que as moratórias, e todas as medidas aplicadas ao combate da COVID-19, deverão ser apropriadas de acordo com os diversos períodos da crise.
Para o governador do BdP, “as políticas têm que ser adaptadas e seguramente a questão das moratórias terá esse tratamento”, acrescentando ainda que “temos que analisar em cada momento o contexto de crise em que vivemos e adaptar as medidas a esse momento”.
O ex-ministro das Finanças de Portugal acredita que “o sistema financeiro foi um pilar de resiliência e de apoio, através de várias medidas”, realçando as moratórias, no período de grande crise no ano passado.
“A expectativa de todos é que estas medidas, que fomos adotando, continuem a ser efetivas e continuem a ter um impacto para permitir, por exemplo, que os números que ainda esta semana tivemos conhecimento sobre o mercado de trabalho possam continuar a ser uma realidade, que o país atravesse os próximos meses, que são meses decisivos na saída da crise, com a mesma capacidade de retenção de emprego, que até aqui se observou”, declarou o economista Mário Centeno.
Segundo o ex-presidente do Eurogrupo, “as previsões da Comissão Europeia revelam aquilo que as previsões do Fundo Monetário Internacional já tinham revelado há semanas, é que as instituições nacionais estão confiantes no médio prazo” e que estas “foram surpreendidas positivamente, em 2020, com uma queda da atividade menor do que aquela que projetavam”.
O político Mário Centeno afirmou ainda que “o ajustamento que houve nas previsões, em particular para Portugal, em 2021, significa que no final do ano de 2021 a atividade está, aliás, a um nível superior daquilo que era previsto pela Comissão Europeia no outono”.
O responsável pelo BdP revela que existe uma revisão em baixa da taxa de crescimento deste ano. Porém, a revisão da taxa de variação do Produto Interno Bruto (PIB) no ano anterior é superior e “em 2022, há uma revisão, de novo, em alta, da atividade”. Isto indica que, para o governador do banco central, “a trajetória de recuperação, segundo todas as previsões, materializa-se de forma ainda mais vincada do que em outubro”.
Na última quinta-feira, o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, garantiu que a organização “está disponível para reestruturar os créditos dos clientes todos que no final da moratória estejam em situação de desemprego”. Também, na passada terça-feira, o presidente do Millenium BCP, Miguel Maya, demonstrou estar a favor do adiantamento das moratórias de crédito para as empresas e trabalhadores da área do turismo: “O BCP continuará a ser um defensor da prorrogação das moratórias para o setor do turismo, enquanto a situação da pandemia não estiver controlada, não só para as empresas como também para os trabalhadores do setor”. Ainda o presidente executivo do Banco Português de Investimento (BPI), João Pedro Oliveira e Costa, declarou que, até agora, não é a altura certa para debater acerca das moratórias associadas à pandemia da COVID-19: “São medidas transitórias. Uma moratória é claramente uma medida transitória e é importante ter esta linha de visão sobre o tema”.
Ao que tudo indica, as moratórias de crédito, desenvolvidas pelo Estado, vão prevalecer até dia 30 de setembro de 2021.
Marta Afonso