Parece que o ano de 2020 não está fácil para ninguém, nem para a Black Friday…
Se me perguntassem qual é a minha época favorita do ano eu diria que, sem dúvida alguma, é a Black Friday. Não há nada melhor que ver as pessoas a ficarem com sorrisos marcados no rosto depois de comprar algo cujo preço de 100€ está com 50% de desconto. O problema é que mal sabem elas que um mês antes, esse mesmo produto estava à venda por 20€. Esta, é apenas uma de muitas características deste ciclo tão inovador, e também, das poucas que se conseguiu manter num ano tão caótico como 2020.
Por um lado, temos a balança bastante equilibrada no que toca a taxa de hospitalizações. Os que normalmente iam parar ao hospital com falta de ar por estar no meio das multidões, com um olho negro depois de ter levado um soco de um cliente insatisfeito com stock esgotado ou com um braço deslocado depois de ter puxado com muita força um cabide (ou cruzeta, para os mais chiques), encontram-se agora hospitalizados por sintomas de Covid-19. Nesse aspeto, não acredito que uma pandemia seja forte o suficiente para acabar com a tradição hospitalar do Black Friday.
Por outro lado, resultado dos vários confinamentos, das mais variadas restrições impostas pelo governo, e também, da preguiça humana, a balança das compras físicas e online ficou bem desequilibrada. Onde antes era possível ver duas idosas a lutar com as suas bengalas para ver quem arranjava aquelas meias baratas para os netinhos, agora vejo um vazio. Onde antes observava multidões a fazer tsunamis humanos, agora vejo três pessoas apressadas a fazer algumas compras antes que venha um GNR e lhes passe uma multa como prenda natalícia antecipada. Assim, com o intuito de não ter uma multa em seu nome, decidiram todos invadir as lojas online e esgotar stocks dos primeiros produtos sugeridos pelos sites, mesmo sendo completamente inúteis e desnecessários.
Desta maneira, tendo em conta as várias perspetivas com que se pôde observar esta junção da pandemia com um período de ofertas promocionais, atrevo-me a dizer que uma pandemia como a que estamos a vivenciar, apesar de causar mudanças, não é forte o suficiente para derrubar a vontade portuguesa de poupar uns trocos que mais tarde irão acabar por gastar em tabaco ou álcool.
Rodrigo Costa